domingo, 4 de agosto de 2013

5 de agosto: 22 anos do Nina Veiga Atelier



Vamos começar a publicar uma série de fotos históricas dos bonecos em sua primeira versão.

A íntegra já está no Orkut e breve estará em nosso Flickr.

A boneca abaixo chama-se Yogue e era inspirada nas meninas do Brahma Kumaris, trazia as virtudes, conceito desenvolvido por essa filosofia que trabalha para a paz planetária. 


A Organização Brahma Kumaris é uma organização não-governamental internacional com sede em Mt. Abu, Rajastão, Índia, com mais de 8.500 centros em 100 países, territórios e ilhas. Como uma comunidade de aprendizado, possui atualmente mais de 825 mil alunos regulares que procuram fortalecer a habilidade de vivenciar sua natureza mais elevada e melhorar sua contribuição para a sociedade por meio da educação espiritual e práticas reflexivas.





Desde que começamos a publicar a Série Histórica na web uma sensação interessante se apresentou: a força da biografia.

A Biografia Humana é uma disciplina da Antroposofia que estuda a trajetória de cada pessoa, grupo ou instituição, buscando observar o "fio vermelho" da significância.

No site da Escola Waldorf Alecrim Dourado, podemos encontrar a seguinte citação:

" A biografia é a história de vida construída por cada um de nós. Dentro da Antroposofia, o estudo de uma biografia é feito por meio de um trabalho biográfico – individual ou em grupo – em que são identificados elementos semelhantes na vida de todo ser humano em determinada fase e também são descobertos os elementos individuais ligados ao destino de cada um (EU). Para o estudo biográfico, a Antroposofia divide a vida em setênios – períodos de sete anos – observando o desenvolvimento de três aspectos interligados: físico (biológico), anímico (psíquico) e espiritual (EU). "





Eu era uma executiva da comunicação, havia trabalhado por muitos anos em emissoras de televisão, além de passagens por rádios, jornais e revistas e, naquela época, após Plano Collor, estava trabalhando como consultora para grandes empresas do Sul do País.

Foi quando fui para um spa diferente. 

Sem saber o que era, hospedei-me em Nazaré, um centro de vivências que, longe de ser um spa, era considerado um centro de luz, aonde as pessoas iam para conectarem-se com a própria alma.

Saí de lá, uma semana depois, completamente mexida e a primeira coisa que senti foi uma coceira na mão.

Tinha vontade de resgatar a pessoa que eu era antes de entrar no turbilhão da mídia: uma moça que escrevia, fazia artes e atividades físicas.

A "coceira das mãos" me levou até um armarinho e comprei tudo que gostei, sem saber o que ia fazer.

Cheguei em casa com as coisas e minha irmã falou: "Por que não faz fadas?"

"Fadas?", perguntei.

"Sim, lá na livraria, todos me oferecem bruxas, mas eu gostaria que tivéssemos fadas", respondeu subindo as escadas em direção ao quarto.

Ela trabalhava em uma livraria esotérica famosa na época, a Kairós, na Avenida Paulista.

Foi então que, sentada no tapete, criei a número zero (foto).

Depois, minha irmã desceu as escadas, vinda do quarto e olhou para a número zero e falou: "Fadas tem de ter pernas looongas!"

Então coloquei mãos à obra e fiz a número um, mas isso é assunto para a próxima postagem.





As palavras-chave foram: "fadas tem pernas looongas", ditas de passagem por minha irmã.

Com essas palavras, a número um nasceu pronta.

Parecia que eu havia encontrado um fluxo energético. A coceira nas mãos de antes virou inspiração e produção. Em poucos dias eu havia feito várias fadas com retalhos de tecidos, brocados, tules.

Fiz uma inteiramente dourada, coloquei-as em uma caixa de presente e resolvi oferecer na Rua Oscar Freire, um ponto central do comércio sofisticado de São Paulo.

Na época, eu tinha uma moto, prendi com as aranhas a caixa de presente e saí em direção aos Jardins.

Na Oscar Freire, vi uma loja com uma fachada que me atraiu: uma casa de contos de fadas. Parei e resolvi pedir para falar com a dona e, por incrível que pareça, ela me atendeu.

Enquanto esperava, tomei conhecimento de um outro universo: o incrível mundo das representações do plano espiritual.

Era moda na época: bruxas, fadas, gnomos, elementais de toda a espécie, cristais, runas, tarô.

Uma salada mista de imagens e significados do qual a ALÉM DA LENDA (esse era o nome da loja onde eu estava) era o centro.

A dona, uma jovem bonita e forte, me atendeu, escutou a minha estranha história sobre "coceira nas mãos", viu as fadas e, enquanto me ouvia, ficou com a fada dourada nas mãos.

Quando terminei de falar, perguntou quanto era, eu, sem saber, disse vinte dólares, uma pequena fortuna na época para o preço de uma boneca de 30 cm, algo como 150 reais hoje.

Ela falou: "Vou ficar com essa, te pago agora e quero mais 28".

Fiquei um pouco paralisada, muito paralisada. Agradeci e nem me atrevi a perguntar por que 28. Seria algum número especial? Estou sem saber até hoje.

Voltei para a casa, contei o que havia acontecido, minha irmã foi até a estante, pegou uma Revista Veja e me mostrou onde eu havia estado: na revista, uma matéria de destaque informava sobre o boom da Além da Lenda.

Foi assim, em um movimento tipo sonho/sorte que o Nina Veiga Atelier começou.




Quando comecei a fazer bonecas, não estavam diretamente vinculadas às crianças.

Eram bonecas decorativas, relacionadas ao universo esotérico.

A Fada-madrinha era uma boneca que estimulava nossa visualização criativa. A Yogue, trabalhava as virtudes, de acordo com a tradição do Brahma Kumaris. A Tecelã, trazia a crença de que acontece o que a gente tece. O cupido despertava a lembrança do amor universal.

Nenhuma das bonecas eram para brincar. Eu era uma tecelã que fazia bonecas para presentear adultos, na tentativa de fazê-los lembrar de seu lado espiritual, através da representação que a boneca trazia.

Foi quando fomos convidados para fundar uma escola rural em Nazaré Paulista.

O grupo de seis casais ligados ao Centro de Vivências de Nazaré se reuniu para planejar a escola em um sítio. Estudamos várias linhas pedagógicas e decidimos pela Pedagogia Waldorf.

Eu não conhecia nada do assunto, foi em 1992, mas seria a professora de artes da escola. Então comecei a estudar.

E descobri o universo do brinquedo Waldorf.

Comecei a pesquisar e tentei fazer a primeira boneca, ainda frágil, com pernas e pés com pouca tonicidade.

Foi quando conheci o trabalho de Karin Evelin, mas isso é um assunto para a próxima postagem.



Karin Evelin Scheven é uma alemã, radicada no Brasil e uma das pioneiras dos brinquedos Waldorf no país. É autora de um importante livro sobre bonecas e o brincar na visão da Pedagogia Waldorf: Minha Querida Boneca.


Logo após começar a estudar Pedagogia Waldorf, conheci Karin Evelin.


Ingenuamente, levei para ela uma de minhas fadas. A exemplo do que havia feito, muitos meses antes, a dona do Além da Lenda, ela ficou com a boneca na mão enquanto conversava comigo.


No entanto, lembro-me como se fosse agora, disse com todas as letras: "Isso não vale nada".


Se eu fosse outra pessoa, teria desistido ali mesmo. No entanto, humildemente, pedi um estágio em sua oficina. Consegui uma semana trabalhando junto com as demais montadoras.


Na data marcada, com frio na barriga, fui para o estágio. Antes de começar, a gerente me chamou para acertar. Eu não sabia, mas fui informada que teria de pagar por aquela semana de trabalho voluntário (o equivalente ao meu carro na época), sem direito às refeições que eram servidas na própria oficina. Se quisesse almoçar, o valor subiria.


Imaginem a cara da pobrezinha da ex-executiva da comunicação que, há pouco mais de um ano, havia optado pelo estilo de vida "simplicidade voluntária" e que estava vivendo de workshops de danças circulares e bonecas.


Resumo: agradeci envergonhada e me despedi.


Ao contrário do esperado, não desisti da Pedagogia Waldorf nem de suas bonecas.


Lutei sozinha até conseguir fazer uma boneca "encarnada", que fosse saudável para a criança e que representasse um ser humano terreno, forte, equilibrado e que deixasse transparecer sua "alma".


Essa conquista, essa busca pela força encarnatória, é que tento passar para minhas alunas nas oficinas da Boneca Waldorf.


Quanto à frase "Isso não vale nada", proferida de forma desastrada por Karin, algo impressionante aconteceu. Mais de uma década depois de ouvir a frase desmotivante, já atuando na Pedagogia Waldorf, eu estava em Juiz de Fora, no Seminário Floresta, para fazer um módulo especial de Pedagogia Waldorf com os formandos do curso para professores e médicos  ministrado pelo Gaia, do Rio de Janeiro, quando uma conhecida sentou ao meu lado no refeitório na hora do jantar, e disse que queria me contar uma história interessante.


Ela falou que anos atrás estava na casa de uma prima quando viu uma bonequinha com os dizeres: "Acontece o que a gente tece" em uma etiqueta.
Ficou muito impressionada e pensou: "deve ter alguma coisa na essência dessa boneca". Ficou com aquela impressão forte e, a partir dali, começou a pesquisar o que teria na "alma" daquela boneca e encontrou a Pedagogia Waldorf.


Esse encontro com a Pedagogia, segundo me narrava a conhecida, foi tão forte que ela começou a fazer o seminário e tornou-se professora de jardim em uma importante escola Waldorf de Belo Horizonte.


E completou: aquela boneca de anos atrás, no início de tudo, era uma boneca sua e, agora, eu estou aqui me formando professora Waldorf e você está ao meu lado.


Tornou-se uma das minhas mais queridas amigas.


Tudo vale a pena, quando a alma...




Nas fotos, a boneca que nos lembra que "Acontece o que a gente tece".





O primeiro bebê-estrela é o assunto da próxima postagem.




Bartira, grávida de sete meses das gêmeas Amarita e Amanda, confeciona o bebê-estrela.

Quando fiz meu primeiro bebê-estrela, estava tentando engravidar.

Coloquei todo o meu calor e coração na confecção, na esperança de que isso colaborasse com a tentativa, influenciada por uma lenda singela criada em torno do "poder fertilizador" do brinquedo.

Fiz inúmeros bebês-estrelas desde então, mas a gravidez não aconteceu.

No entanto, acompanhei diversas situações de alunas e colaboradoras que fizeram o bebê-estrela e engravidaram na sequência.

Com certeza, deve ser uma feliz coincidência, mas de toda forma o bebê-estrela tem características especiais que mexem com nossa maternidade.



Confeccioná-lo, após o quarto mês de gestação, é muito importante para a gestante.

O calor da lã de carneiro, a suavidade da flanela que nos remetes aos antigos cueiros, a forma estelar, lembrando que todos nós temos origem em um cosmos, seja ele, de acordo com nossas crenças, orgânico ou espiritual.

Tudo isso junto possibilita à gestante uma saudável sensação de interação com o bebê e ajuda a equilibrar o emocional sensível da futura mamãe.

Assista à vídeo-foto da Oficina do Bebê-estrela



O Bebê estrela é a primeira boneca da criança. Produzido com materiais "vivos", tecido de puro algodão e lã de carneiro, possui as características arquetípicas do ser humano ao nascer: uma cabeça redonda e dura, não elaborada que, como na abóbada celeste, traz a imagem da pátria espiritual. Braços e pernas que ainda não atuam no mundo, não carregam o corpo nem cuidam de seu destino. É essa a boneca que o bebê deve ter ao seu lado no berço. 


Série de relatos publicado originalmente em 2009.


segunda-feira, 11 de julho de 2011

Rede Rizoma

Associação de artistas, artesãs e arteducadoras mães, professoras e amiaos da Paineira Escola Waldorf.

terça-feira, 5 de julho de 2011

Lote Terra de Visconde de Mauá

Estive no feriado de Corpus Christi em Visconde de Mauá e tive a alegria e a responsabilidade de inaugurar a sede própria do projeto Lote Terra, dos competentes e engajados na afirmação da vida viva planetária, Carmem e Maurício, com a colaboração competente de gente-gente como Patrícia, Paula e Mariana.

O nome do projeto tem duas referências: Lote 10, um bairro de Visconde de Mauá, onde as ações do projeto acontecem (geração de renda, educação e artes Waldorf para o ensino público, esportes e informática) e, para minha alegria e surpresa, o planeta Terra enquanto um lote do universo, um lote que temos que cultivar e cuidar.

As fotos do local foram tiradas pela fotógrafa Paula Romano.









quarta-feira, 20 de abril de 2011

A Rede Asta é um bom exemplo

A Rede Asta é um bom exemplo de agenciamento.



Estamos realizando uma iniciativa assim, aqui em Minas, ainda uma semente.

Um dos diferenciais fica por conta da qualidade artística ser inspirada especialmente na Educação Waldorf e, também por esse motivo, incluirmos no projeto ações de arteducação.

Nosso próximo evento: Costurando Redes.

segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

O EDUCADOR-APRENDIZ E A APRENDIZAGEM DO CORPO


O EDUCADOR-APRENDIZ E A APRENDIZAGEM DO CORPO: cartografias de uma oficina de fiação manual com professores alfabetizadores, suas memórias da escola e registros nos cadernos-diários, é o título do meu projeto de pesquisa para o doutorado na Universidade Federal de Juiz de Fora.






terça-feira, 22 de fevereiro de 2011

Um bom encontro

Em breve, nosso projeto de rede rizomática receberá o apoio da consultoria Sustainability Lab

A gestão da inteligência será nossa primeira abordagem.

Conheça mais:


quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

Nova parceira

Estamos iniciando uma nova parceria:

Fundação Guairá, em Andrelândia, MG.




As mulheres artesãs da Fundação são talentosas e possuem técnica de trabalho manual nos moldes da tradição familiar.




domingo, 6 de fevereiro de 2011

Preço transparente

Estamos preparando planilhas para expor a composição do valor de cada um de nossos brinquedos e produtos aos nossos clientes e colaboradores.

Além do preço, estamos tentando mapear todas as etapas do trabalho para identificar o valor dos gestos  necessários até que cada boneca brinque com uma criança.



sexta-feira, 28 de janeiro de 2011

Ações do Nina Veiga Atelier na Zona da Mata Mineira

Lima Duarte:
Em parceria com Tecendo no Orvalho - mulheres artesãs, capacitadas e produzindo a todo vapor.


Belmiro Braga:
Em parceria com Amurt e Escola Sol Nascente - mulheres artesãs na geração de renda e adolescentes aprendendo a bordar na sensibilização manual.

Vale Verde - Juiz de Fora:
Em parceria com o Mutirão da Meninada - mulheres artesãs capacitadas para a confecção dos bonecos da família terapêutica.

Salvaterra - Juiz de Fora:
Em parceria com a Ecovila Viva - projeto da boneca orgânica, fiação e tecelagem.


Juiz de Fora:

Em parceria com a Escola Waldorf Paineira - capacitação de mães para o bazar da escola.




terça-feira, 14 de setembro de 2010

Teia Mineira da Sustentabilidade

Mesa farta no almoço de confraternização no sétimo encontro da Teia Mineira da Sustentabilidade.

quarta-feira, 25 de agosto de 2010

Transição para a sustentabilidade

Estamos em transição para a sustentabilidade.

Pesquisas sobre algodão orgânico, rastreamento sobre a criação de ovinos, fabricação de tecidos orgânicos, tingimento natural são temas que nos interessam.

Se você conhece ou trabalha com algumas dessas formas de produção sustentável, entre em contato com a gente.

Na foto, a primeira boneca em transição para a sustentabilidade: cabelo de seda orgânica certificada e tingida naturalmente, 60% lã de carneiro rastreada (Bicho sem Vergonha, Itamonte, MG), bordado de arte-manual e tingido naturalmente, suporte de bambú, ao invés de arame, sapatinho com lã tingida e fiada manualmente.

Desafios à superar: linhas de costura, tecido para roupa e corpo e algodão para o enchimento.

Confecção: Sheila Abreu, manuelista especializada em tingimento natural.

domingo, 11 de julho de 2010

O bebê-estrela no berço do recém-nascido


O Bebê estrela é a primeira boneca da criança. Produzido com materiais "vivos", tecido de puro algodão e lã de carneiro, possui as características arquetípicas do ser humano ao nascer: uma cabeça redonda e dura, não elaborada que, como na abóbada celeste, traz a imagem da pátria espiritual. Braços e pernas que ainda não atuam no mundo, não carregam o corpo nem cuidam de seu destino. É essa a boneca que o bebê deve ter ao seu lado no berço. 


sábado, 12 de junho de 2010

O bebê-estrela e a gravidez


Bartira, grávida de sete meses das gêmeas Amarita e Amanda, confeciona o bebê-estrela.

Quando fiz meu primeiro bebê-estrela, estava tentando engravidar.

Coloquei todo o meu calor e coração na confecção, na esperança de que isso colaborasse com a tentativa, influenciada por uma lenda singela criada em torno do "poder fertilizador" do brinquedo.

Fiz inúmeros bebês-estrelas desde então, mas a gravidez não aconteceu.

No entanto, acompanhei diversas situações de alunas e colaboradoras que fizeram o bebê-estrela e engravidaram na sequência.

Com certeza, deve ser uma feliz coincidência, mas de toda forma o bebê-estrela tem características especiais que mexem com nossa maternidade.

Confeccioná-lo é muito importante para a gestante após o quarto mês de gestação.

O calor da lã de carneiro, a suavidade da flanela que nos remetes aos antigos cueiros, a forma estelar, lembrando que todos nós temos origem em um cosmos, seja ele, de acordo com nossas crenças, orgânico ou espiritual.

Tudo isso junto possibilita à gestante uma saudável sensação de interação com o bebê e ajuda a equilibrar o emocional sensível da futura mamãe.

Assista à vídeo-foto da Oficina do Bebê-estrela

sexta-feira, 12 de março de 2010